Trump Promete US$ 2.000 a Americanos com Receita de Tarifas
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O presidente Donald Trump prometeu enviar “pelo menos US$ 2.000 (R$ 10.660) diretamente aos americanos, usando a receita das tarifas alfandegárias. A declaração foi feita neste domingo, em uma postagem no Truth Social, onde ele afirmou que os pagamentos serviriam para recompensar os contribuintes e ajudar a reduzir a dívida nacional dos Estados Unidos, em meio a um desafio judicial à sua política tarifária na Suprema Corte.
Na publicação, Trump criticou duramente os opositores de suas tarifas, chamando-os de “tolos”, poucos dias depois de juízes conservadores e liberais da Suprema Corte analisarem o uso da Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA) por sua administração para impor as tarifas.
Trump esclareceu que os cheques de US$ 2.000 (R$ 10.660) não seriam enviados a “pessoas de alta renda”, mas não especificou qual seria o limite de renda que desqualificaria os beneficiários. Tampouco informou quando ou como esses reembolsos seriam distribuídos.
O anúncio ocorre poucos dias após a Suprema Corte ouvir argumentos em dois casos que contestam a legalidade do método utilizado por Trump para impor tarifas de forma ampla. O presidente aumentou as tarifas sobre parceiros comerciais importantes como Canadá, México e China, e mais tarde expandiu a política para quase todas as nações estrangeiras, durante o chamado “Dia da Libertação”, em abril. O Brasil também é um dos países afetadados, com tarifas de 50%. Há 15 dias, Lula e Trump tiveram uma reunião para negociar essa taxação, até agora, sem nenhuma evolução.
Embora o governo tenha recuado em algumas tarifas “recíprocas”, Trump seguiu aplicando novas taxas a países individualmente. Ele utilizou a IEEPA como base legal para a medida, mas juízes de diferentes orientações políticas demonstraram ceticismo quanto aos argumentos apresentados tanto pelo governo quanto por seus críticos.
Em entrevista ao programa “60 Minutes” na semana passada, Trump afirmou que seria um “dia muito triste” se a Suprema Corte anulasse sua política tarifária. “Acho que nosso país será imensamente prejudicado. Nossa economia irá para o inferno”, declarou à jornalista Norah O’Donnell, da CBS News.
Receita tarifária e dívida pública
Trump afirmou que os Estados Unidos estão “arrecadando trilhões de dólares e em breve começarão a pagar nossa enorme dívida de US$ 37 trilhões (R$ 197,21 trilhões)”.
Segundo o Departamento do Tesouro, o país arrecadou cerca de US$ 195 bilhões (R$ 1,04 trilhão) em receita tarifária durante o ano fiscal de 2025, encerrado em setembro.
Projeções do Yale Budget Lab indicam que as tarifas de Trump podem gerar até US$ 2,6 trilhões (R$ 13,86 trilhões) entre 2026 e 2035. No entanto, caso a Suprema Corte invalide o uso da IEEPA, essa receita pode cair mais de 50%. Mesmo assim, o governo já sinalizou que buscará outros meios legais para manter parte dessas tarifas.
Atualmente, a dívida nacional dos EUA ultrapassa US$ 38,1 trilhões (R$ 203,07 trilhões), de acordo com dados oficiais do Tesouro.
Antecedentes da proposta
Não é a primeira vez que Trump sugere enviar recursos diretamente à população com base na arrecadação tarifária, medida que tende a elevar os preços de produtos importados para os consumidores.
Em julho, o senador Josh Hawley, republicano do Missouri, apresentou um projeto de lei para enviar cheques de reembolso de US$ 600 (R$ 3.198) aos cidadãos. A ideia já havia sido mencionada por Trump em outubro, quando declarou à rede One America News: “Poderíamos fazer uma distribuição para o povo, quase como um dividendo para o povo americano”, estimando que os valores ficariam entre US$ 1.000 (R$ 5.330) e US$ 2.000 (R$ 10.660).
Quanto custaria os dividendos de Trump?
Pelos cálculos do economista André Perfeito, a medida de Trump, se realmente for posta em prática, custaria ao menos US$ 694 bilhões (R$ 3,7 trilhões), levando em consideração a população de 347 milhões de americanos. Ou seja, por ora, a conta não fecha.
“Claro, não vai ser esse o montante final, no entanto, a sinalização é clara: a situação fiscal dos EUA pode deteriorar ainda mais e isso implica mais emissão de dívida e uma oferta maior de títulos é preço para baixo, ou seja, juros para cima”, afirma o economista.
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